No projeto e construção de muitos edifícios públicos bem sucedidos na África central e em outras partes do mundo, o MASS Design Group tem empregado e guiado milhares de artesãos locais, liderando o processo de construção e proporcionando dignidade a essas populações. Agora, o grupo deseja ajudar as comunidades africanas a liderarem sozinhas estes processos. Na cúpula das Nações Unidas realizada neste domingo, Christian Benimana, um dos diretores do estúdio de design sem fins lucrativos, apresentará planos para o que está sendo chamado de "Bauhaus da África": três centros de design que serão construídos nos próximos dez anos em localizações estratégicas do continente. Os centros oferecerão um programa educacional que tem como objetivo treinar uma nova geração de arquitetos africanos - uma força de trabalho indispensável, tendo em vista que o continente está entrando em um período de crescimento urbano sem precedentes.
A população africana tem previsão de crescimento superior a 1 bilhão de pessoas nos próximos 20 anos, uma tendência que fará necessário a construção d muitos novos edifícios e sistemas de infraestrutura. No entanto, apesar dessa imanente explosão populacional, há apenas 35 mil arquitetos e designers na África, menos de um quarto do número de profissionais da Itália. Benimana, nascido em Ruanda, cursou arquitetura na China devido à falta de oportunidades de estudo em seu país natal. Ele acredita que a África conhecerá o sucesso apenas quando empoderar seu próprio povo e criar um sistema em que a juventude possa prosperar. "Temos que criar a liderança criativa que tornará a África igualitária e justa".
O primeiro Centro de Design Africano, planejado para Kigali, Ruanda, contará com o "modelo interdisciplinar baseado no campo" que "profissionalizará as habilidades dos maiores talentos emergentes". Posições de destaque serão atribuídas aos designers mais promissores. O edifício em si será construído com métodos semelhantes aos projetos anteriores do grupo, como o Hospital Butaro, que empregou pesquisas científicas para guiar as decisões de projeto e contou com o trabalho de operários locais e materiais disponíveis na região.
A comparação do projeto com a Bauhaus é certamente um modo de chamar a atenção, mas também uma escolha sábia de instituição para seguir, já que ambos os projetos foram impulsionados por mudanças regionais, políticas e demográficas. A Bauhaus surgiu após a queda do Império Alemão e a abertura para experimentações culturais mais radicais. Agora, o Centro de Design Africano foi concebido para responder às necessidades de inovação radical em face do crescimento populacional. E embora boa parte do sucesso da Bauhaus possa ser atribuído a seu líder, Walter Gropius, com sua aguçada sensibilidade para o projeto e sólida filosofia arquitetônica, a iniciativa africana parece contar com uma liderança igualmente destemida. Mas enquanto Gropius adaptava a arquitetura a um mundo das "máquinas, rádios e automóveis", a abordagem local do MASS se concentra em torno do projeto concebido para o ser humano, coma a crença de que a "arquitetura deve possuir uma ideia transcendental para gerar uma mudança sistêmica."
Apenas o tempo dirá se o Centro de Design Africano conseguirá alcançar esses grandiosos objetivos. Com a liderança adequada e pessoas interessadas, isso pode acontecer. Como diz Benimana: "É hora de guiar o espírito e talento únicos da África."